22/05/2006

COMO SE ESPREITÁSSEMOS PELA JANELA...

Fotografias da sonda Cassini


O enquadramento é perfeito: Saturno, Titã e Epimeteu.
Epimeteu faz cama elástica dos anéis: salta, pula, brinca.
Titã prefere polir a superfície, sonhando vir a ser espelho.
A perspectiva da fotografia e a ausência da sensação de distância permitem-me fazer este jogo.
É como se o sistema solar fosse um brinquedo e eu pudesse voltar a ser criança, sem vergonha de me deslumbrar com as novidades.


A seguir vem a nossa necessidade de comparar e de dar destino às coisas. Este é um magnífico pote, trabalho das mãos do oleiro mais perfeito - não se vêem lá, tão finas, as marcas da roda?

Ah! Como eu queria ter em casa uma peça assim! Haveria de a colocar no lugar mais em evidência. Por baixo, um pano branco de linho bordado por mim. Discreto, para não desviar as atenções, mas branco, para lhe realçar a beleza. Sobre ela, nem um grama de pó.

Para que tudo fosse perfeito, as mãos macias de um gatinho fá-lo-iam girar sobre si.

Se as sondas entendessem, dir-lhes-ia obrigada!

2 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

É engraçado!
Quando penso no Universo, quando olho para um céu estrelado no campo, lá para a meia-noite,hora em que apenas se ouve a suave dança das folhas ou as relas noctívagas pondo a conversa em dia, então penso como a Terra é minúscula e o Espaço um gigante.
Ao ver estas imagens a sensação é a oposta, pois mesmo que alonguemos os braços no sítio mais alto, a Terra mostra-se tão grande que não conseguimos abraçar aqueles brinquedos do espaço.
Resta-nos a sua contemplação e a esperança que um dia nos venhamos a encontrar num imenso baile sideral.

MPS disse...

Já estamos bailando, Jorge, nós é que andamos distraídos!