Para além do disparte, politicamente correcto, de referir "alunos e alunas", nesta frase há um erro de palmatória: "e que vão..." que faz ali a conjunção?Como já foi dito, hoje há alguns alunos e algumas alunas que frequentam o 6.º ano de escolaridade e que vão, à mesma hora, realizar esta prova (p. 21)
Mais abaixo, na mesma página, está escrito, para ser lido aos alunos:
Passo agora a ler os cuidados a terem ao longo da prova.
Em primeiro lugar, chamo a atenção para o facto de não poderem falar com os vossos colegas, durante todo o tempo de realização da prova. (...)
Esta moda de construir as frases sempre me deixou perplexa. Cuidados a terem? Não deveria ser "cuidados a ter"?
A mania do tratamento por você dá origem a construções estranhíssimas e erradas: não poderem falar com os vossos colegas. Eles, os alunos (sujeito subentendido tendo em conta a 3.ª pessoa usada no predicado), não podem falar com os vossos colegas???? Francamente!
Se querem continuar a perder a 2.ª pessoa do plural, façam o favor, mas pelo menos escrevam de modo a não cometer erros tamanhos!
Os mesmos erros repetem-se ao longo de todo o Manual, pelo que me abstenho de continuar a enumerá-los.
Da página 22, o "aplicador" deve ler em voz alta:
Uma outra coisa que eu tenho de vos dizer é que esta prova é muito importante, ainda que dela não dependa a vossa transição para o 3.º ciclo - 7.º ano de escolaridade. De facto, as informações que forem obtidas com esta prova vão permitir adequar cada vez mais o trabalho dos professores aos vossos conhecimentos e necessidades. Por isso, é muito importante que dêem o melhor, respondendo com calma e ponderação a todas as questões. (...)
Dizemos coisas ou dizemos, simplesmente?
Quem escreveu este arrazoado não faz a mínima ideia da competência vocabular dos garotos que vão responder à prova. De que outra forma se justifica a escolha de palavras como transição; adequação; obtenção e ponderação.
Vão ter cinquenta minutos para responderem(...),lê-se na pág 24
Lê-se na pág. 26. Desenha-se o desenho, com certeza!(...) em caso de engano, podem sempre apagar o desenho e voltar a desenhá-lo.
Embora houvesse mais para dizer, fico-me por aqui no que toca à Língua Portuguesa.
Vejamos outros aspectos:
- Os garotos não podem copiar, mas nada se diz acerca do procedimento a ter com quem o faça!
- Os miúdos não podem conversar, etc. mas não se refere o que deve fazer o "aplicador" nessas circunstâncias. E se o gaiato for um malcriado e começar a bater nos colegas e a insultar o "aplicador"? Lembro que o "aplicador" não pode sair da sala onde está sozinho!
- Diz-se que os alunos devem conferir se o material está utilizável. Onde verificarão se a caneta escreve, se têm que o fazer antes de lhes ser fornecido qualquer papel? Na mão ou na secretária?
- As duas partes da prova são fornecidas, em simultâneo, aos alunos que não podem, durante a 1.ª parte, ver as páginas da segunda e vice-versa, embora as tenham à frente. Que fazer com quem, num gesto de simples curiosidade, folhear toda a prova? E se, após o intervalo, corrigir uma resposta da primeira parte? Que faz o aplicador?
- O "aplicador", já o disse, não pode interpretar as recomendações que deve ler alto aos alunos, mas quase todas elas terminam assim: Querem perguntar alguma coisa? Estou a ser claro(a)? Confesso, na minha honestidade intelectual, que fico perplexa. Se não posso interpretar, como posso esclarecer dúvidas? Volto a ler a mesma xaropada?
Só uma nota final: Serei "aplicadora", mas o meu nível de ensino não é este. Os meus alunos é que ficam sem aulas por causa destas provas. Hoje e amanhã. Não seria mais honesto que houvesse exames a sério, depois de terminadas as aulas? Assim é uma brincadeira e eu sou a aplicadora.
Se fossem pastar grilos!
2 comentários:
Menina, tu és um terror! Vou passar a demorar mais uma horita a verificar as asneiras que decerto publico. Mas lá que tens toda a razão...
P.S.- Dei algum erro?!
És um brincalhão!
Lá por Bragança temos uma espécie de jogo do sério que é assim:à medida que cada um vai pondo o seu, diz-se:
"um punho
um punho..." etc.
Depois de terminado o carrelo dos punhos de todos os jogadores, o último pergunta:
-"O que é isto?"
-"É uma arquinha velha!"
-"O que tem dentro'"
-"Pão bolorento!
-"E por fora?
-"Cordinhas de viola!
-"O primeiro que se rir leva uma castanhola!
Eu não sou capaz de me rir disto, mas anda alguém a rir-se às nossas custas e que parece a arquinha velha. Tem que levar uma castanhola!
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