05/10/2012

CRUEL METÁFORA


Hastearam-na assim. De pernas para o ar.

Terá sido sabotagem monárquica?
Terá sido gesto de revolta do militar responsável pela devida colocação da bandeira, no caso de o responsável ser um militar?
Terá sido ignorância ignorância do funcionário porque os orçamentos só permitem a contratação de incapazes?
Não sei e nem é isso o que me leva a escrever. 

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Quaisquer que sejam as circunstâncias, a Bandeira Nacional é o símbolo maior  da Pátria. E ali está ela, desfraldada perante o olhar dos altos dignitários do Estado. Todos olham para a Pátria, mas nenhum repara que ela está de cabeça para baixo, revolvida sobre si mesma. Naquele momento, mais do significar a Pátria, aquela bandeira representa o estado da Pátria - o estado em que ela foi posta. O contraste entre a Pátria revirada e o ar satisfeito dos  representantes da Nação é uma metáfora  tão cruel que só pode provocar náuseas.

Dizem-nos que só o feriado foi suprimido. Perante aquilo que vi, não me restam dúvidas de que a República foi, outra vez, encerrada. As "cerimónias" no espaço fechado do pátio da Galé são, por demais, significativas.

Pior do que Pilatos, o primeiro ministro bandeou-se para país estrangeiro. Se, ao menos, tivesse a dignidade de ficar por lá.