01/09/2006

Vamos por partes (I)

Há direitos que ganhariam muito se fossem entendidos como deveres. De um direito somos livres de abdicar, ao invés, o dever cumpre-se e a contumácia é o crime de quem o não faz.
Um direito que, para mim, ganharia muito em ser entendido como dever é a educação.

O direito do indivíduo à educação assenta no dever de a comunidade se organizar e disponibilizar os meios necessários, que são onerosos, para a sua concretização. Ora, não me parece equilibrado nem justo que uns tenham os direitos e os outros os deveres. Por indivíduo entendo aqui cada um dos estudantes e cada uma das unidades familiares respectivas.

Por que conjunto de razões deve, então, a educação considerar-se um dever? Antes de mais, porque é ela que garante que o indivíduo tenha uma vida. Alguém quer prescindir de viver a sua? Então prepare-se para ela.

É a educação que permite que o indivíduo conquiste o seu lugar: se não trabalhou para o alcançar, de que se queixa no fim? O país ganharia muito se, em vez de se apiedar dos coitadinhos que não tiveram oportunidades, lhes perguntasse e às famílias: quanto trabalhastes? Um indivíduo instruído sabe mover-se, entender o mundo, interpelá-lo e interagir com ele; sabe colaborar com a comunidade e ousa transformá-la. Dito de outro modo: cria-se e cria; não se lamenta, constrói a sua vida.

Um indivíduo sem educação nem sequer é um espaço vago porque nas sociedades o vazio não existe. É, pois, da responsabilidade de cada um, encontrar o seu lugar e preenchê-lo.

Não se pode pedir a uma criança que tenha consciência da importância da educação e a noção de que escola é trabalho. Mas compete à família a assunção dessa responsabilidade em nome da criança e do futuro que irá construir. À comunidade, representada pela escola, compete fornecer os instrumentos do saber e o próprio saber, única forma de se não transformar em fraude.

Valores e atitudes como o respeito, a obediência e a honestidade têm que vir de casa, têm que ser praticados em casa, impostos se necessário. É intolerável, para mim, ver a facilidade com que as crianças faltam à escola, com autorização dos pais. Mais intolerável, ainda, é a Lei dar total cobertura a essas faltas.

Enquanto se brinca aprende-se muito, mas a educação não pode ser vista como uma brincadeira de que se desiste quando deixa de apetecer. Estudar pode ser divertido? Pode, mas não tem que ser! Enquanto andarmos a culpar os professores acusando-os de que não sabem estimular os alunos estamos a contribuir para a desresponsabilização das crianças e jovens e das suas famílias. A educação tem que ser entendida como um remédio: às vezes adoça-se, mas tem que ser tomado, às horas certas e durante o tempo recomendado! Alguém culpa o médico pelo mau sabor do medicamento? Então porque é que se aceita como pertinente que um estudante se desculpe dos maus resultados dizendo que o professor não estimula?

Nunca se fala em estímulo que me não lembre dos cães de Pavlov. À nascença, as crianças não o são, mas rapidamente aprendem a ser. Aprendem que a preguiça compensa porque não é castigada; aprendem que a mentira compensa porque a sua voz é ouvida em igualdade com a dos pais e a dos mestres; aprendem que a desonestidade compensa porque vêem o logro ser elogiado.

Ora, tudo, nas famílias e no sistema de ensino está organizado de molde a desincentivar o trabalho. Para que há-de a criança esforçar-se se, no fim do ano, tem tratamento igual às trouxas que se esforçam e levam a vida a sério? Quando tal deixa de acontecer é já demasiado tarde. Não é aos 14 anos que vai alguém aprender a ler e a escrever porque, nessa idade, exige-se que interpretem, que comentem, que justifiquem e proponham alternativas!

*
Vêm estas reflexões a propósito do artigo que a senhora ministra da Educação escreveu, hoje, no DN. Nele, repete integralmente o discurso que já lhe conhecemos, antecipando novo ano de conflitos, tragicamente insistindo em não querer ver qual a dimensão e a origem do descalabro da educação pública em Portugal.

Conheço muitos professores que são relapsos, alguns, até, não deveriam exercer a profissão, uns porque são incapazes de amar e de conviver com outras gerações; outros porque pouco mais são do que analfabetos diplomados. Como chegaram à docência, estes, que já são fruto das modernas pedagogias de que a culpa é sempre do professor? A senhora ministra faça o favor de responder.

18 comentários:

MeMyself&I disse...

Não responde a ministra mas respondo eu, que do alto da minha imodéstia acho que faria um trabalho muito melhor se desempenhasse o seu cargo (enquanto pensar assim a Educação pode dar-se por satisfeita pois terá em mim um aliado; no dia em que deixar este pensamento para trás passei a ser apenas mais um conformado). Respondo eu que sou fruto de uma nova geração de professores; uma nova geração de professores que pensa que a juventude é sinónimo de qualidade e ideias frescas - mentira! Vejo-os tão velhos da mesma forma que te vejo a ti, cara M. com uma juventude e um espírito tão jovem quanto possível. Da mesma forma vejo a velha guarda convencida que "no tempo deles" tudo era mais digno, tudo era mais nobre. A virtude, como soy dizer-se, está no meo termo. Há bons e maus professores de todas as idades. Este foi o primeiro ponto.

O segundo diz respeito à massa estudantil de todos os níveis de ensino - vivemos em Portugal, o mesmo fenómeno de reprodução social que há 50 anos. Analisadas as investigações, facilmente reparamos que raramente houve escalada social. Porquê? Esta é uma resposta fácil de resolução difícil. Assola-nos um círculo de tal forma vicioso que não conseguimos deixar de rodopiar. A sociedade não consegue transmitir aos jovens a importância da educação - que não é um direito, mas sim um dever como bem disseste! A educação TEM de ser obrigatória! Cada elo que se quebra na cadeia da educação gera um mini-problema social insolúvel. Por exemplo, o pai que não percebeu o quão importante seria a sua formação, acabou por rebolar nas vicissitudes da vida, mas, se não conseguir perceber a tempo e explicar aos seus rebentos o quão importante é a educação, acabará por condenar, involuntariamente, os seus filhos ao "degredo" (passe a hipérbole) social. É assim que caímos nesta roda-viva de má-formação nacional!

MPS disse...

Obrigada pelas tuas achegas, Miguel.
Espero que não tenhas entendido o meu texto como manifestação do conflito de gerações: nunca o poderia ser porque tal conflito foi guerra que nunca entendi, por isso nunca participei nela, embora constate que há batalhas que se travam quotidianamente.

Este é o primeiro de alguns textos que penso dedicar ao sistema de ensino. Preocupei-me em identificar-lhe alguns dos males e, queiramos ou não, há professores que chegam em catadupa ao sistema sobre os quais nos interrogamos: como foi possível? Concluiu uma licenciatura, fez estágio pedagógico e... às vezes tenho vergonha! Isto inclui toda a gente? De modo algum; nem sequer são a maioria. Não reajas, pois, em defesa do grupo porque nem o grupo foi atacado nem, menos ainda, nele te incluo devido à curiosidade intelectual que te reconheço e ao trabalho que vejo que fazes. Como sói dizer-se: o seu a seu dono.

Defendo a escolaridade obrigatória, mas tão obrigatória que, um atentado a ela, o entendo como atentado à vida da pessoa. A mim pouco me importa que as crianças compreendam isto ou não, importa-me que sejam dotadas de saber (o canudo importa-me menos ainda) e para isso é preciso trabalho, disciplina e rigor; trabalhos-disciplina-e-rigor, trabalhodisciplinaerigor (estou a decalcar do Jhon dos Passos). A escola não é brincadeira, é local de trabalho árduo. Quem assim o não entender está a roubar aquilo que recebe sem merecer: os alunos ou as suas famílias, a gratutidade da escola que vem dos impostos que pago e me não queixo; os professores, o vencimento que recebem, que vem dos impostos que outros pagam.

Um abraço. Mas ministra eu não queria ser!

MeMyself&I disse...

Querida M.

É claro que não entendi o teu texto como manifestação do conflito de gerações. O que conheço de ti sei que não é algo que te mereça muita distracção. Assim penso também e, sinceramente, essa clivagem não me consome tempo. Apenas o referi como breve introdução ao meu pensamento. Penso igualmente que há muitos professores sem qualidade, como há, decerto maus profissionais de outras áreas. Ainda assim, não defendo a classe apenas por defender. Há que ser racional e reconhecer o que está mal. Se nos organizássemos de dentro para fora, não andaríamos nas bocas do mundo e conseguiríamos resolver os nossos problemas internamente.

Resumidamente, subscrevo o que disseste e só para terminar, o cúmulo da falta de formação. Hoje, na S. Social, uma nossa colega que deu aulas em Peniche, quando entregava os papéis ouviu a seguinte pérola: "Peniche é distrito de Setúbal, não é?"; a minha colega disse-lhe, incrédula, "Não...! É Lisboa!"; alguns segundos volvidos e já todas as funcionárias desbravavam a questão - "É Setúbal!" ; "Não é nada, aquilo é ali para os lados da Lourinhã, caraças!"

MPS disse...

Das bocas do mundo ninguém se livra, ainda para mais se a primeira boca a falar for a de quem é responsável nacional.

O episódio que contaste reflecte outro aspecto dos erros da educação de que tencionarei falar: os programas.

Ao ler o episódio caí na tua realidade. Coragem.

Jorge P. Guedes disse...

"Maria",tal como te havia prometido, aqui vim e tudo li.
Porém, o artigo é extenso e exige esforço de reflexão.
Hoje estive mais virado para o azul e não tanto para o cinzento da Educação, que não do artigo!
Temo que uma apressada consideração possa ser desrespeitosa para com a autora e o tema a comentar.
O que penso sobre os caminhos por onde nos levam dava bem para um livro.
Resumi-lo num comentário exige-me a máxima concentração,o que me não é possível no momento.
Fá-lo-ei, sem dúvida, amanhã, com a cabeça fresca e o corpo renovado.
Não obstante, sempre posso afirmar que de um modo geral partilho das tuas ideias e, sobretudo, da preocupação quanto ao descalabro em que se encontra a educação em Portugal.
Peço desculpa mas,por agora, é tudo.
Um abraço e até logo.
Jorge 3:38 da madrugada.

MPS disse...

Fico a aguardar a Fénix!

Não te esqueças do quão grata me é uma boa querela!

Jorge P. Guedes disse...

Maria E.,começo por aí mesmo. Pela "Fénix".
Acordada "esta", a polémica começa.
Fénix porquê? não renasci das cinzas mas de mim mesmo!
Adiante, ou acabo por não dar conta do que cá me trouxe.

Antes de mais gostaria que soubesses que vou publicar, quando desconheço ainda...,um artigo único sobre o tema "Educação".
Escrito e publicado, não me voltarei a referir ao mesmo, a não ser que algo de verdadeiramente novo ocorra.

Passemos ao teu magnífico texto "Vamos por partes".

DIREITOS e DEVERES
De um dever também somos livres de abdicar. Bom teria sido que os soldados de Hitler tivessem recusado cumprir o dever de obediência aos seus chefes assassinos.
Porém, quando não se cumpre um dever há sempre custos a pagar.

DIREITOS E DEVERES DA ESCOLA
A palavra significou desde sempre para designar um lugar ou instituição fornecedora de conhecimento, de saberes vários e adequados ao lugar e ao tempo e, também e sempre, de preparação para a difícil entrada na idade das responsabilidades e da auto-suficiência. Nessa Escola sempre foi utilizado o método de premiar os aplicados, os diligentes e os honestos. O aluno era estimulado a esforçar-se para avançar, a superar-se para ser dos melhores, cultivando-se deste modo o gosto pelo trabalho e a felicidade pelo êxito.
De igual forma se mostrava que o desleixo e a mândria eram atitudes negativas conducentes a uma vida futura triste, tacanha e de inferior qualidade espiritual e material.
Tentando resumir,a Escola tinha por dever principal o de criar condições para que os alunos dela saíssem portadores de um saber estar perante a vida.
Criando essas condições, o que sempre em Portugal esteve longe de suceder, a escola teria então o direito de exigir a alunos e suas famílias o mais completo empenhamento no cumprimento das suas normas e objectivos.
Acontece, porém, que esse direito da Escola é, concomitantemente, um dos seus deveres maiores, o de co-responsabilizar as famílias.
Aí, a Escola, o Estado, sempre falhou.
No tempo em que se fazia uma depurada selecção, em que os filhos dos mais avisados iam para os Liceus e os do "povo" para outras ou para nenhumas, a falha do estado era pouco visível e nada gritante.
Hoje, como sabemos, as coisas são bem diferentes. E por isso...

DIREITOS E DEVERES DOS ALUNOS/FAMÍLIAS

No que atrás referi, creio ter deixado claro que aos alunos e às famílias estão adstritos direitos e deveres.
Nenhum pai deve esquecer que é pai e, também, membro de uma comunidade que tem filhos. quero dizer que um pai não tem só o dever de zelar pela educação do seu filho, em casa e na Escola, mas igualmente o dever de, como cidadão, se preocupar e actuar no respeitante `educação dos filhos dos outros. Como? exigindo ao estado que este cumpra as suas obrigações. Que investigue, que compare, que experimente, mas que não eternize a resposta aos problemas. Só depois terá o direito e o dever de exigir.
Um estado que não seja amblíope, não tacteie permanentemente, não gagueje na tomada de decisões, as quais, deverá implementar com certezas quanto aos princípios da sua eficácia prática.
Um Estado que não atire para os seus agentes, QUE ELE MESMO CRIOU!, a culpa eterna de todos os males.
E, se hoje chegam à carreira mais professores impreparados do que o admissível, pelo menos num país europeu, a pergunta honesta será: Quem e como os formou para o bom desempenho das suas importantíssimas funções?
Em qualquer profissão são necessárias duas componentes: boa formação e dedicação. Uma sem a outra não constrói bons profissionais.

Finalmente OS PROFESSORES
São o elo mais fraco da cadeia.
Desorganizados pelos vários polos sindicais de eficiência quase nula, desmotivados pela insegurança de emprego e/ou local de trabalho, condições precárias do ponto de vista logístico, achicalhados por ministros carreiristas e néscios, desrespeitados por analfabetos reais e por analfabetos doutores,...os professores lá prosseguem no seu navegar contra a onda gigante da ignorância dos que menos os deviam ignorar.
Professores relapsos? - Claro que os há!
Professores velhos? - Claro que os há e de todas as idades!
Professores dedicados? - Claro que os há!
E só a estes se devem os êxitos que a senhora ministra reclama, despudoradamente, como seus.

Um abraço.
Jorge Mocho-Real

MPS disse...

Ufa! Ias-me deixando sem fôlego, Jorge!

Pergunta retórica: e as cinzas da fénix de quem é que são?

Quanto ao III Reich, se calhar o primeiro dever era não ter votado no tipo. Mas quanto ao que referes, prefiro classificar a recusa à obediência como dever de resistência (questão semântica, talvez). Tenho a firme certeza de que foi o que muitos fizeram, a maioria, provavelmente, dentro das suas unidades militares, na medida das suas possibilidades. Algumas dessas recusas transformaram-se em atentados à vida do tirano. Não me passa pela cabeça que todos os democratas, todos os socialistas, todos os comunistas... todas as pessoas de bem tenham escapado ao cumprimento do serviço militar. Não sei se te lembras mas, em Portugal, a estratégia do PCP era: os jovens comunistas devem cumprir o serviço militar para que se possa minar o regime por dentro.

Quanto ao resto estamos basicamente de acordo, embora a questão da primazia dos deveres não faça muito sentido para mim por me fazer lembrar o assunto do ovo e da galinha.

Quero referir outro assunto, que pensava abordar mais tarde, mas que tu já afloraste: cada comunidade tem que saber, exactamente, que cidadãos quer e, em função disso, fornecer-lhe educação compatível. Se queremos ladrões e autómatos, Esparta poderá servir-nos de modelo (daí que exclua os honestos da lista que fizeste daqueles a quem a escola sempre premiou). Eu não quero isso e recuso-me a contribuir para tal, mas pensa lá comigo:
quando um pai que sabe que o filho faltou à escola sem motivo e corre a justificar-lhe a falta dizendo que esteve doente; quando o director de turma não aceita uma justificação tonta como esta: "o meu filho foi comigo fazer compras", o pai reclama e as entidades oficiais obrigam o mesmo DT a aceitá-la; quando um professor aceita e classifica um trabalho (?) que é cópia de páginas da internet (até há pouco eram fotocópias de livros), o que é que se está a premiar? a mentira, a preguiça e a desonestidade. E não é assim tão poucas vezes.

As condições de aprendizagem são importantes? São sim senhor, mas mais importante do que a quantidade ou a qualidade delas é a dignidade que deve atribuir-se à ideia de escola. E nisso estamos de acordo porque, nos últimos anos, alguém se tem afadigado a destruir os alicerces da escola pública. E com que sucesso!

MeMyself&I disse...

O DT é livre de aceitar toda e qualquer justificação. Está definido no 30/2002. O que há é muita falta de coragem de remar contra a maré.

Abraço

MPS disse...

Miguel
Em tese, sim, na prática, o exemplo que dei aconteceu o ano passado.

MeMyself&I disse...

Em tese e em prática; daí eu continuar a afirmar que o que existe é muita falta de coragem.

MPS disse...

Quando recebes da Direcção Regional respectiva um ofício a dizer que a justificação do pai é válida, o que fazes? Continuas a não aceitar e sujeitas-te a um processo disciplinar? É a tua leitura da Lei contra a leitura das entidades oficiais e hierarquicamente superiores! Não chamo a isto falta de coragem do professor! Contrariamente, afirmo que estas práticas são demonstrativas das polítcas de desresponsabilização e de faz-de-conta que nos têm sido impostas.

MeMyself&I disse...

A Direcção Regional tem o peso que tem, contudo, a legislação é clara no que diz respeito à justificação de faltas:

Artigo 19.º
Justificação de faltas

4 - O director de turma ou o professor titular podem solicitar os comprovativos adicionais que entendam necessários à justificação da falta.

Artigo 20.º
Faltas injustificadas

As faltas são injustificadas quando para elas não tenha sido apresentada justificação, quando a justificação apresentada o tenha sido fora do prazo ou não tenha sido aceite (...).

Eu não sou mais papista que o papa, mas cumpro a legislação à risca enquanto DT. Exigo o mesmo dos EE, da D. Regional e do ME. Caso recuse uma justificação (como já fiz), fá-lo-ei sempre em consciência e com a certeza absoluta que foi o meu último recurso (pois eu defendo os meus alunos até à última instância). Como tal, nem com processo disciplinar me obrigariam a justificar "essa" falta. Viesse quem viesse.

MPS disse...

Eu conheço a lei, mas fizeste bem em transcrevê-la. Louvo, em todo o caso, a tua integridade e coragem; mas deve haver poucos assim.

Um abraço

Jorge P. Guedes disse...

O maior problema não estará na coragem ou na falta dela por parte do professor.
Grave é que uma entidade do pelouro da Educação atropele a lei, como aconteceu no episódio que M. aqui trouxe.
Ainda a propósito da coragem, grave é que se tenha medo de cumprir a lei por não se saber ao certo se essa lei é para cumprir ou somente existe para servir de adorno e dar um ar de "democrata" a quem a pariu.
Posto isto, que mais dizer?

MPS disse...

Falou o Jorge e disse muito bem!

MeMyself&I disse...

Atropelos à Lei sempre houve e sempre haverá. Muitas vezes a própria "pede" para ser atropelada pois a sua concepção não é, de todo perfeita. Como tal tem de ser contornada. Não é esse o caso aqui referido. O caso que a nossa querida M. referiu é constante, admitamos. Mas nós somos o espelho da sociedade, e, como tal há que não deixar que estes casos sucedam. Se o professor(a) em causa se tivesse "empoleirado" as responsabilidades teriam de ser apuradas. Se uma falta desta natureza fosse mandada retirar a aluno meu, garanto-te que não teria problea nenhum em seguir para os tribunais civis. Isto faz-me lembrar o caso "Mateus"! Era só o que faltava era uma instiuição como a DREL mandar e desmandar a seu bel-prazer, contrariando a Lei, que, repito, neste caso, é óbvia. Não havia interpretação legislativa, mesmo que encomendada que escapasse a uma boa argumentação.

Discordo precisamente quando dizes que o maior problema não é a falta de coragem; eu acho mesmo que o grande mal nacional é a falta de coragem; falta de coragem que começa logo em casa quando o pai deixa o seu filho (covarde do futuro) perceber que não lhe dá a merecida bofetada pois tem medo que o menino fique traumatizado.

Somos o país dos -inhos; tudo nesta covarde terra se mede pela quantidade de´-inhos e -inhas, pasme-se! "Está boazinha?", "Estou benzinho, obrigado", "Sabes quem está doentinho, coitadinho? É o filhinho da Mariazinha! Partiu uma perninha". Perdemos, felizmente, a retórica dos conquistadores do mundo, os donos das colónias, dos maiores no passado (ah, é verdade. agora temos o futebol), mas, em compensação, ganhámos esta azia nacional, esta casmurrice inata. Como pano de fundo temos uma verdadeira Educação estupidificada. Ensinam-se os meninos a conduzir à esquerda, ou ao meio da faixa de rodagem, a ocupar toda a largura das passadeiras rolantes, não deixando subir quem não quer estar parado; a cuspir para o chão, a levar os cães (perdão, os "cãezinhos") a defecar na rua, a engordar até chegar ao ponto em que não se faz mais nada que não seja estar sentado no sofá a ver as novelas da noite, estimulando o cérebro com uma cerveja e comunicando por monosílabos.

Irra que estou zangado!

Um abraço

MPS disse...

Esta Maria aqui tem a declarar que nunca foi Mariazinha. :-)

Força, Miguel, faz sair a raiva toda!

Compreendo a tua posição, quiçá a mais correcta, mas em termos de custos e de ganhos, seria sempre o DT a perder, nomeadamente as custas do advogado. Quanto ganha um professor?