
Lorca foi das primeiras vítimas dos "nacionalistas". Inicio aqui uma sequência dedicada ao poeta que foi fuzilado no dia 19 de Julho de 1933. Ao escolher Lorca estou, sem ingenuidade, a colocar-me de um dos lados do conflito. Mas, porque a História não pode tolerar a parcialidade dos pontos de vista, porei termo a essa sequência no dia 17 porque no dia 18 fará 70 anos que teve início a guerra civil de Espanha. Imunda, cruel, tenebrosa!
Lorca era um peta que escrevia assim:
E Depois
Os labirintos
que cria o tempo
se desvanecem
(Só fica
o deserto.)
O coração
fonte do desejo
se desvanece.
(Só fica
o deserto.)
A ilusão da aurora
e dos beijos
se desvanece
Só fica
o deserto.
Um ondulado deserto.
(Francisco Fanhais musicou e interpretou este poema com uma qualidade enorme e uma sensibilidade arrepiante.)
Ao saber da sua morte o, então jovem, poeta José Gomes Ferreira dedicou-lhe este poema:
Terra:
endurece mais!
Recusa a abrir-te em cova
para esconder o Poeta
no silêncio das raízes.
Deixa-o apodrecer no chão
como uma bandeira de carne de remorsos.
2 comentários:
Para mim, a força genuína e truculenta do poema do jovem José Gomes Ferreira é incomparavelmente superior à de um Lorca traduzido e menos inconformado.
Prefiro a enxada de Ferreira à pena de Lorca.
Opiniões!
Mas ambos são grandes poetas, que não contam "petas"(vide "Lorca era um peta que escrevia assim")
Mauzinho sou eu !
Inteiramente de acordo, mas Lorca fez-se símbolo, por isso está aqui. Prefiro o Lorca autor de teatro.
Mauzinho em quê?
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