23/11/2006

Apontmentos

Tem-se discutido muito sobre se a Europa pode manter o Estado social. Ora, eu pergunto-me é se a Europa o pode dispensar!

Estas são palavras que ouvi ontem, dia 22 de Novembro, ao Dr. e ex-Presidente da República, Jorge Sampaio. Não são textuais porque, como é meu hábito, cito de cor.

Já tinha saudades de ouvir uma voz de esquerda. Afinal, nem toda a gente se esqueceu do essencial. Que bem me fez ouvi-lo!

*

Também ontem, na RTPN, assisti a um debate sobre a TLEBS. Fraquinho e redundante, diga-se de passagem, já que a entrevistadora resolveu fazer as mesmas perguntas duas vezes, porque um convidado chegou atrasado. Depois da segunda ronda esgotou-se o tempo e tudo ficou por ali, que é como quem diz, com respostas por dar e com muitas perguntas por fazer.

Eu já tinha lido e não queria acreditar, mas ontem ouvi-o pelas vozes da Presidente da Sociedade Portuguesa de Linguística e do Presidente da Associação dos Professores de Português. Os grandes argumentos a favor da nova nomenclatura são os seguintes:

1 – os alunos não aprendem todos a chamar os mesmos nomes às coisas da gramática;

2 – nas escolas não se estuda, ou estuda-se pouco e mal, o funcionamento da Língua.

Estes senhores mereciam um valente chumbo em qualquer curso elementar de retórica e de dialéctica! Aqueles não são argumentos e, muito menos, convincentes. É preciso quase nada de inteligência e de bom-senso para os fazer cair pela base.

1 – Se os professores não ensinam, todos, aquilo que os programas exigem e a nomenclatura em vigor manda, que sejam mandados cumprir a lei e que as universidades, responsáveis pelos estágios pedagógicos, não aprovem a competência científica de quem fizer diferentemente!

2 – Ideia peregrina: como, dizem, não se ensina gramática nas escolas, a solução encontrada foi... inventar novos nomes para os nomes antigos! Então é por causa de ser criada nova nomenclatura que a gramática passa a ser ensinada? Se não fosse trágico estaria a rir-me!

Hoje deu-me para isto.

2 comentários:

Anónimo disse...

Isto é como eu te disse há uns dias atrás, se bem me lembro.
Para algumas e alguns lambe-botas e peneirentos, pseudo -intelectuais de galochas, o primeiro impacto foi dizer: Ena, coisa fina! Sem perceberem nada daquilo, puseram-se a elogiar pois receavam que parecesse mal se o não fizessem. Cuidavam que passariam por asnos se confessassem estranheza ou perplexidade perante documento vindo de tãos letradas autoras.

Mas agora, já o próprio Ministério da Calamidade vem a terreiro, para já de mansinho e com passinhos para o lado,e diz que vamos ver quais são os resultados da experiência e dos pareceres dos peritos que contrataram.

Perante isto, os que aplaudiram de forma simiesca, já não sabem bem o que dizer e metem os pés pelas mãos a toda a hora.

Uma mixórdia! Uma choldraboldra!

MPS disse...

O meu receio é que as últimas declarações provenientes do ME não passem de areia para os olhos, porque consistem em dizer que se vai fazer aquilo que nunca esteve previsto: a avaliação do modelo. É possível que se faça qualquer coisa, mas o mais certo é que se conte apenas com as respostas dos entusiastas, porque é neste ponto que entrarão as pressões dos editores que não querem desperdiçar os investimentos que fizeram - e com razão, visto terem seguido orientações, quiçá, pedidos superiores.

Um abraço