17/02/2008

Projectos em vão

Tinha pensado escrever sobre o Cosovo, mas não há filosofia que resista a um jantar de casulas em dia de magnífica invernia.

Faltou o escano e a mesa preguiceira encostada ao borralho.

Sobrou o Cosovo que nos há-de custar mais caro do que todas as moedas do mundo. Oxalá me engane!

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Isto é batota, mas um texto tão bom sobre o assunto merece ser trazido para aqui, apesar de vir datado de alguns dias depois daquela que inicia este post. É de Ferreira Fernandes no DN de dia 19/02/08

Pandora era sedutora, seduziu Epitemeu, e era curiosa, abriu a caixa que o amante tinha escondida. Maldição, estavam lá todos os males. Isso foi no tempo dos gregos. Agora, países da União Europeia reconheceram a Caixa de Pandora. Destapado o Kosovo, porque não Miranda do Douro? Respondo: porque aquele senhor de boina que escreve quinzenalmente no Público em mirandês é um homem atilado, e não exige a independência do Menino Jesus da Cartolinha. Senão... Infelizmente, os albano-kosovares, quando usam boina, não usam nada debaixo e lá temos o Kosovo independente. Já agora, porque não o Gora/Dragashi? Estão a ver o mapa do Kosovo? É aquela pontinha à esquerda, a mais a sul. Vivem lá os gora, muçulmanos como os albano-kosovares, mas sérvios de etnia. O suficiente para os independentistas de hoje os expulsarem dos empregos e das escolas. Os gora fugiram para a montanha. Eu visitei-os. Na montanha eles são maioritários. Não há um país que os reconheça?
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Deus poderá não jogar aos dados, como diz Einstein, mas os políticos da nossa era jogam-nos a todos... a feijões!

13 comentários:

Anónimo disse...

Oxalá minha amiga, diz muito bem!
E eu pergunto; será que esta medida tão apoiada pelos Estados Unidos,vai ser o início da segunda guerra fria, e a desetabilização da Europa, como convem aos Estados Unidos?
Pergunto eu!
Um abraço
José Manangão

MPS disse...

Caro José Manangão

Infelizmente, não são só os EUA que apoiam esta loucura. Como pode comprovar, são bastantes os países da Europa que, alegremente, apoiarão esta aventura. Quanta falta nos fazem os homens de Estado!

Um abraço

Anónimo disse...

Altamente preocupante o nascimento deste novo país.
Exultaram os albaneses, mas só!
Reparando-se na bandeira do Kosovo, o país em dourado, sobre um fundo azul e seis estrelas brancas representando as principais etnias, desde logo nos surge a ideia de ela ser uma bandeira desenhada ad hoc, para agradar às Nações Unidas, à União Europeia e à Nato.
Não possui nada que a identifique nem mesmo com o vermelho e a águia dos albaneses.
Pretender-se-á, assim, dizer que é um país inclusivo que nasceu. Mas na prática, no terreno, nenhum sérvio a saudou e Belgrado já recomendou à minoria séfrvia no Kosovo que boicote a formação desta pretensa unidade nacional.

Os Estados Unidos apoiam. Porquê?
Dos países da UE a Espanha já anunciou não pretender reconhecer o novo país.

Temo fortemente que a UE não esteja minimamente preparada para conseguir no terreno a estabilidade que será necessária.
Ontem mesmo, em Belgrado, interesses americanos, desde a sua embaixada até ao McDonalds, foram alvo de manifestações graves que sofreram a acção da polícia.

Receio que a independência do Kosovo, assim e agora, seja uma acender dos rastilhos implantados há gerações.

Que o jantar de casulas tenha sabido bem, mesmo sem um escano ao borralho onde o jantar se conserva quente até ao fim.

Um abraço.

MPS disse...

Caro Jorge, sê muito bem regressado esta tua casa!

Tudo o que dizes é verdade e, tragicamente, o governo de cada país reage de acordo com os seus problemas e não por uma questão de princípio. O governo português, temo, reconhecerá a independência. Mas o nosso governo deveria perguntar-se: e se fosse o Minho a decretar a independência, poderíamos nós, alguma vez, tolerar isso? É que o Minho está para Portugal como o Cosovo está para a Sérvia: são o berço da nação!

Foi sempre com alguma repugnância (pela prática, bem entendido)que ensinei aos meus alunos que nos primeiros tempos da reconquista cristã da Península Ibérica se praticou o ermamento, ou seja, as populações mouriscas instaladas eram expulsas das terras que ocupavam. É verdade que tal prática só aconteceu no Norte, onde a presença islâmica era recente, mas mesmo assim, o facto incomodava-me. Hoje, palavra de honra, dou graças aos Fernandos Magnos que assim procederam porque evitaram que nós viéssemos a herdar problemas de nacionalidade.

Resumindo, os Sérvios deviam ter sido menos generosos quando o imponente império Turco foi derrotado nas suas terras. Hoje, o Cosovo continuaria deles. E é assim que se vai aprendendo que a História futura castiga a generosidade ou a ligeireza do presente. A Europa que se acautele, pois!

Um abraço e obrigada pela visita

Chanesco disse...

Cara MPS

Talvez a senhora Natália, uma transmontana de Carrazedo a viver no Kosovo, que conheci através de uma entrevista concedida à TSF (na rádio percebi Carocedo) há cerca de 1 ano e vim agora descobrir aqui

http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=259722&idCanal=19

nos possa, mais tarde, revelar o conteúdo da caixinha de pandora. Não será certamente uma ração de casulas, regadas com azeite de Calvelhe, a acompanhar o botelo guardado para uma ocasião especial.

Um abraço

Anónimo disse...

Minha amiga MPS
aceite a minha sugest�o:vizite o http://otempodascerejas.blogspot.com � uma boa achega sobre o kosovo.
Abra�o
Jos� Manang�o

MPS disse...

Caro Chanesco

Vai daí, fala-me no botelo (butelo?)e eu que me fique com a água na boca! Ná! As minhas casulinhas foram acompanhadas de belo piceperno e costela.

Obrigada pelo link. Quem sabe, não será, mesmo, a senhora Natália a contar-nos os espantos da caixa de Pandora... ela que é a prova de que há sempre transmontano a viver em qualquer cu de Judas!

Tenho primos em Carrazedo, mas não em Carocedo.

Escrever-lhe-ei brevemente. Até lá,

um abraço

MPS disse...

P.S. para o Chanesco

... e o azeite é de Vila Flor, comprado no mercado de Bragança, porque não há oliveira que aguente os ventos do cimo da serra.

MPS disse...

Caro José Manangão

Obrigada pela sugestão, mas fui lá e deparou-se-me uma página vazia. Talvez esteja em obras. Quando puder lá voltarei.

Um abraço

Jorge P. Guedes disse...

Também li o texto e pareceu-me desde logo relevante pela forma jocosa, a um tempo, e amargamente lúcida como o autor trata esta questão.
O precedente é altamente preocupante, para lá da justeza ou não do facto.
Há tempos já que se vem criando um clima de crispação entre os belgas valões e os flamengos.
Em Espanha, todos sabemos de galegos, bascos e catalães.
Na Escócia, nunca morreu o desejo de independ~encia da coroa britânica.
E mesmo nas Balcãs, há outros pequenos enclaves a considerar no que respeita aos desejos de independência.
Será que a Madeira e os Açores...

Um abraço.
Jorge

Anónimo disse...

Amiga MPS
Tomei a liberdade brindar a sua postura e a sua eficácia, classificando o seu blog se MUITO BOM, queira via internet, levantar o referido prémio no meu blog, ou se preferir deslocar-se até Palmela, eu terei muito gosto-e esta hã!
Um abraço
José Manangão

MPS disse...

Caro Jorge

Ando tão cansada que já nem tenho alma para nada. Isto para já não falar em tempo. Estou tão farta de dias tão longos!

Isto foi um parêntesis para te explicar porque é que só agora te estou a responder.

Tens razão, mais uma vez. E olha, temos mil e um motivos para dizer que os nossos arquipélagos são parte integrante do território nacional. Também os Sérvios têm os mesmos motivos em relação ao Cosovo. Por isso, só posso concluir: Açores e Madeira são nós (não nossos) até que um traste qualquer invente um pretexto qualquer.

Um abraço

MPS disse...

Caro José Manangão

A Palmela vou sempre que posso, porque me deslumbra.

Agradeço a distinção que me fez, embora não creia que a mereça, até porque esta minha página não é, exactamente, um blog...

Guardo o seu gesto de tanta simpatia, acredite que com carinho, mas não está na minha maneira de ser dar publicidade aos gestos delicados que me sao dirigidos. Não me leve a mal por isso (aquela placa da Braganzónia está aqui porque Bragança é tudo, para mim, e essa foi uma forma de o demonstrar).

Um abraço