25/07/2006

Guerra

A mulher estava em prantos. O jornalista explicava: por ser pobre, não conseguiu comprar a passagem que lhe daria a fuga, a ela e aos filhos, do lugar da guerra: o sul do Líbano.

Que gente é esta que deixa mulheres e crianças para trás, por não terem dinheiro?
Onde está a caridade, o auxílio aos pobres, um dos cinco pilares do islão?
Onde estão os crentes?
Onde ficou a humanidade?

Será a guerra que nos põe assim?

8 comentários:

MeMyself&I disse...

A guerra põe-nos assim e muito pior.

"Questiono-me se a guerra não é provocada senão pelo único objectivo de permitir ao adulto voltar a ser criança, regredir com alívio à idade das fantasias e dos soldadinhos de chumbo." Tournier "Le Roi des Aulnes"

MPS disse...

Essas palavras são de um coração crente na bondade humana. Há muito tempo que deixei de acreditar que cada homem traz nas costas duas asas invisíveis. Ao contrário,até sou capaz de jurar que alguns têm cornos e pés de cabra.

MeMyself&I disse...

Como Saladin Chamcha, o personagem de Versículos Satânicos.

MPS disse...

É quase isso, Miguel, embora eu ainda dê à Pátria o valor das coisas sagradas.

MeMyself&I disse...

Eu acho que Saladin também; pelo menos angustiava-se com "as coisas da pátria" e com as (boas) memórias que tinha deixado na Índia... a árvore no quintal. Tentou foi cortar o cordão umbilical porque não se sentia bem na sua pele. Mas no fim percebemos...
Eu compreendo-o.

MPS disse...

Li os "Versículos Satânicos" há já muito tempo. Com isto quero dizer que estou esquecida de muitas coisas e que posso ter compreendido mal outras, tendo em conta a minha relação pouco amistosa com a língua inglesa. Em todo o caso fiquei com a ideia de que Saladin, em tempos de globalização, se deu conta de que a nacionalidade já não basta para conferir ao indivíduo um lugar no mundo, nem sequer para o definir perante ele próprio. Ou seja: a globalização desnacionaliza-nos e obriga cada indivíduo a procurar novas referências para a definição do seu 'eu'. Saladin Samcha vive a nostalgia da pátria, que é a nostalgia do paraíso perdido, mas pragmaticamente assume a nova vida. Eu espero nunca ter de vir a fazer tamanha opção, que é como quem diz: que ninguém se atreva a roubar-me a Pátria! Acho que é aí que está a diferença.

Um abraço e brigada pelo teu contibuto.

Jorge P. Guedes disse...

Sem entrar em caminhos de defesa da Pátria, digo apenas que a pobreza nunca compra nada.
Inaceitável é que a liberdade tenha de ser comprada, seja no Líbano ou em qualquer outra parte.
Inaceitável é que as guerras continuem, em nome do que quer que seja.
A tecnologia avança e o Homem retrocede.
Que aprendeu o Homem, afinal?

MPS disse...

A ter garras longas para matar o seu irmão!