15/06/2006

O Sono do João

O João dorme... (Ó Maria,

Dize àquela cotovia

Que fale mais devagar:

Não vá o João acordar...)

Tem só um palmo de altura,

E meio metro de largura:

Para o amigo orangotango,

O João seria ...um morango!

O João dorme... Que regalo!!

Deixá-lo dormir, deixá-lo!

Calai-vos, águas do moinho!

Ó mar, fala mais baixinho!...

E tu, Mãe! E tu, Maria!

Pede àquela cotovia

Que fale mais devagar:

Não vá o João acordar...


António Nobre

Por causa deste poema, não descansei enquanto não vi uma cotovia e descobri o seu canto.

A cotovia soube tirar proveito da labuta dos homens,aproveitando-lhes as lavras para fazer o ninho. Os homens afastam os ratos e as cobras dos seus ovos e ela encanta-lhes os dias com seu canto matinal. Passeia-se pelas terras e alimenta-se das sementes que ficaram por cobrir, passada que foi a grade pelo chão semeado. Sobre a terra fofa, até que o vento as varra, ficam-lhe as pegadas.

E tu, Mãe! E tu Maria!
Pede àquela cotovia
Que não deixe de cantar
Até o João acordar!

4 comentários:

Jorge P. Guedes disse...

Natal: tempo de dar com generosidade do que lhe pertence, não só aos pobres, como também aos animais e aves do céu
Nós, que estivemos com o bem-aventurado Francisco, e estamos a redigir estas memórias, damos testemunho de que, muitas vezes lhe ouvimos dizer: «Se eu puder falar ao Imperador, suplicar-lhe-ei que, por amor de Deus atenda o meu pedido para que publique um édito em que seja proibido apanhar as irmãs cotovias, ou fazer-lhes qualquer mal. Do mesmo modo, quero que todos os governadores das cidades, os senhores dos castelos e vilas ordenem a seus súbditos que, em cada ano, pelo Natal, mandem pessoas espalhar trigo ou outros cereais pelos caminhos, para que as aves, e sobretudo as nossas irmãs cotovias, tenham que comer nesta grande solenidade. Gostava também, em homenagem ao Filho de Deus reclinado no presépio pela Virgem Maria, entre o boi e o burro, que toda a gente fosse obrigada a dar uma abonada ração de feno aos irmãos bois e aos irmãos burros, naquela santa noite. Enfim, no dia de Natal deviam todos os pobres saciarem-se à mesa dos ricos».

O bem-aventurado Francisco festejava com mais solenidade o Natal do que as outras festas do Senhor, porque, dizia, embora nas outras solenidades o Senhor tenha operado a nossa salvação, no dia em que Ele nasceu tivemos a certeza de que íamos ser salvos. Por isso, queria que no dia de Natal todos os cristãos exultassem no Senhor; por amor d'Aquele que se deu por nós, todo o homem devia dar com generosidade do que lhe pertence, não só aos pobres, como também aos animais e aves do céu.

Legenda Perusina (LP 110)

MPS disse...

Agora quem me comoveu foste tu. Como dizia S. Francisco:

"Que sejas louvado, Senhor,com todas as Tuas criaturas..."

Anónimo disse...

Obrigada. Que paz se respira neste lugar.

MPS disse...

Anónimo

Sou eu que agradeço a sensibilidade que amnisfestou. Bem-haja, pois.