Alguém se lembra, ainda, desta maravilha? Quem se lembra que o autor se chama Geraldo Vandré e que a escreveu para a realidade da ditadura brasileira, irmã gémea da nossa?
Palavras simples, mas que interpelam tanto!
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...
Vem, vamos embora...
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Vem, vamos embora...
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...
Vem, vamos embora...
6 comentários:
Um compositor, um poeta
Um cantor, uma canção
São cultura, são revolta
E bandeira de Revolução.
Felicito-a pela escolha.-será que não vai nascer nenhum cravo no seu blog?
Não é crítica nem provocação, é sómente uma pergunta!
Abraço
José Manangão
Caro José Manangão
Dois cravos são os meus olhos
a brilhar com alegria
lindos cravos, sem escolhos,
p'ra quem fez da noite, dia!
Os meus cravos, sempre a par
são do meu rosto janela
é vê-los sempre a brilhar:
não precisam da lapela!
Não ligue: sou uma brincalhona. A seu tempo, lá hão-de florir aqui também.
Um abraço.
Amiga MPS
Quero pedir-lhe permissão, para postar esta sua resposta no outro meu blog poetaspopulares.blogs.sapo.pt
aguardo resposta
Um abraço
Manangão
Caro José Manangão
Esteja à vontade. Por minha parte sentir-me-ei muito honrada!
Um abraço
Grande musica, tenho-a na minha pagina Hi5. Dirigida à ditadura brasileira e censurada tambem por ela. Mesmo nessas condições ganhou um festival.
Era muitas vezes cantada, mas "baixinho"
Um abraço
Ausenda
Ausenda
Antes de mais, seja muito bem vinda.
Trata-se, de facto, de uma canção muito bonita: pela melodia tão simples e harmoniosa, pela intensidade das palavras que, referindo-se a uma ditadura brutal, conseguem ser de grande ternura. Lembro-me dela desde a adolescência e, porque a sinto esquecida, pu-la aqui, para lembrar que o nosso Abril permitiu a democracia também noutras paragens. Foi o meu modo de mostrar como a nossa revolução, além das consequências domésticas, teve alcance quase planetário pois, afinal, abriu a segunda vaga das democracias a seguir à II Guerra Mundial.
Obrigada pelo seu contributo.
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