21/04/2008

Pra não dizer que não falei das flores

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Alguém se lembra, ainda, desta maravilha? Quem se lembra que o autor se chama Geraldo Vandré e que a escreveu para a realidade da ditadura brasileira, irmã gémea da nossa?

Palavras simples, mas que interpelam tanto!


Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Caminhando e cantando

E seguindo a canção...


Vem, vamos embora

Que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora

Não espera acontecer...


Pelos campos há fome

Em grandes plantações

Pelas ruas marchando

Indecisos cordões

Ainda fazem da flor

Seu mais forte refrão

E acreditam nas flores

Vencendo o canhão...


Vem, vamos embora...


Há soldados armados

Amados ou não

Quase todos perdidos

De armas na mão

Nos quartéis lhes ensinam

Uma antiga lição:

De morrer pela pátria

E viver sem razão...


Vem, vamos embora...


Nas escolas, nas ruas

Campos, construções

Somos todos soldados

Armados ou não

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Somos todos iguais

Braços dados ou não...

Os amores na mente

As flores no chão

A certeza na frente

A história na mão

Caminhando e cantando

E seguindo a canção

Aprendendo e ensinando

Uma nova lição...


Vem, vamos embora...

6 comentários:

Anónimo disse...

Um compositor, um poeta
Um cantor, uma canção
São cultura, são revolta
E bandeira de Revolução.

Felicito-a pela escolha.-será que não vai nascer nenhum cravo no seu blog?
Não é crítica nem provocação, é sómente uma pergunta!
Abraço
José Manangão

MPS disse...

Caro José Manangão

Dois cravos são os meus olhos
a brilhar com alegria
lindos cravos, sem escolhos,
p'ra quem fez da noite, dia!

Os meus cravos, sempre a par
são do meu rosto janela
é vê-los sempre a brilhar:
não precisam da lapela!

Não ligue: sou uma brincalhona. A seu tempo, lá hão-de florir aqui também.

Um abraço.

Anónimo disse...

Amiga MPS
Quero pedir-lhe permissão, para postar esta sua resposta no outro meu blog poetaspopulares.blogs.sapo.pt
aguardo resposta
Um abraço
Manangão

MPS disse...

Caro José Manangão

Esteja à vontade. Por minha parte sentir-me-ei muito honrada!

Um abraço

Anónimo disse...

Grande musica, tenho-a na minha pagina Hi5. Dirigida à ditadura brasileira e censurada tambem por ela. Mesmo nessas condições ganhou um festival.
Era muitas vezes cantada, mas "baixinho"
Um abraço
Ausenda

MPS disse...

Ausenda

Antes de mais, seja muito bem vinda.

Trata-se, de facto, de uma canção muito bonita: pela melodia tão simples e harmoniosa, pela intensidade das palavras que, referindo-se a uma ditadura brutal, conseguem ser de grande ternura. Lembro-me dela desde a adolescência e, porque a sinto esquecida, pu-la aqui, para lembrar que o nosso Abril permitiu a democracia também noutras paragens. Foi o meu modo de mostrar como a nossa revolução, além das consequências domésticas, teve alcance quase planetário pois, afinal, abriu a segunda vaga das democracias a seguir à II Guerra Mundial.

Obrigada pelo seu contributo.