Enquanto os responsáveis políticos se entretêm a brincar ao jogo das cadeiras nos respectivos partidos, a nossa democracia está a ser alvo do maior ataque de que tenho memória pessoal. Será que eles não vêem? Será que não lhes importa? Ou, pior, será que estão de acordo?
À semelhança do que fizeram com os professores, desacreditando toda a classe, chegou a vez dos sindicatos e, na sombra, vão-se criando estruturas que contornam e evitam o seu papel mediador. Que me lembre, só os fascistas defendiam que os sindicatos eram entidades nocivas!
Chegou agora a vez das forças de segurança. E porque não tenho a eloquência do articulista, transcrevo o artigo que Vasco Pulido Valente escreveu, no Público, na semana passada. É preciso estar atento e não permitir, porque o povo é soberano!
Salazar despachava diariamente com o director da PIDE. Caetano não despachava com o director da PIDE/DGS. Durante trinta anos de democracia nenhum primeiro-ministro despachou em pessoa com qualquer chefe de qualquer polícia. Tudo isto irá mudar. Uma lei já anunciada vai pôr a PSP, a GNR, a PJ e o SEF sob a autoridade de um secretário-geral para a Segurança Interna, com o estatuto de secretário de Estado, que despachará directamente com o eng. Sócrates. Como de costume, esta organização foi copiada. Desta vez, do modelo espanhol. Com duas diferenças. Primeira, em Espanha, o "secretário-geral" está subordinado ao ministro do Interior e não ao presidente do Conselho. E, segunda, em Espanha o terrorismo da ETA e a imigração islâmica teoricamente justificam a necessidade de um único centro de comando.Em Portugal, nenhum perigo imediato exige que as polícias passem a depender de Sócrates. Pior ainda: o SIRP, que superintende e coordena o Serviço de Informações de Segurança (SIS) e o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), dois serviços secretos, também ficará sob a tutela do primeiro-ministro. E a tudo isto, António Costa juntou dois novos meios de fiscalização e vigilância. O bilhete 4 em 1, que reúne o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte, o cartão da Segurança Social e o cartão de utente do SNS. E o cartão que reúne a carta de condução, o livrete e o título de propriedade do automóvel. Com estas medidas, o Governo socialista criou um novo Estado-polícia, que a Assembleia não controla e que não dá ao português comum a menor garantia de privacidade. E, se a privacidade é, como é, o fundamento da liberdade, não lhes concede mais do que uma liberdade condicional e fictícia.Não se trata aqui do indivíduo Sócrates, que não abusará dos seus poderes. Mas da própria existência desses poderes, que nada impede um sucessor, ou mesmo um ajudante obscuro, de eventualmente desviar para fins perversos. Só que nessa altura será tarde para desfazer a máquina que hoje com tanta inconsciência e sem protesto público se anda a pôr em pé.Claro que vivemos num mundo perigoso e é preciso coordenar as polícias. Sucede que das várias formas de coordenação o Governo escolheu a pior: a que mais reforça (e compromete) o chefe do Executivo, a que não inclui um droit de regard do Parlamento e a que deixa os portugueses sem defesa perante a prepotência e o arbítrio. O que de resto não espanta. A liberdade nunca foi por aqui muito estimada.
À semelhança do que fizeram com os professores, desacreditando toda a classe, chegou a vez dos sindicatos e, na sombra, vão-se criando estruturas que contornam e evitam o seu papel mediador. Que me lembre, só os fascistas defendiam que os sindicatos eram entidades nocivas!
Chegou agora a vez das forças de segurança. E porque não tenho a eloquência do articulista, transcrevo o artigo que Vasco Pulido Valente escreveu, no Público, na semana passada. É preciso estar atento e não permitir, porque o povo é soberano!
Salazar despachava diariamente com o director da PIDE. Caetano não despachava com o director da PIDE/DGS. Durante trinta anos de democracia nenhum primeiro-ministro despachou em pessoa com qualquer chefe de qualquer polícia. Tudo isto irá mudar. Uma lei já anunciada vai pôr a PSP, a GNR, a PJ e o SEF sob a autoridade de um secretário-geral para a Segurança Interna, com o estatuto de secretário de Estado, que despachará directamente com o eng. Sócrates. Como de costume, esta organização foi copiada. Desta vez, do modelo espanhol. Com duas diferenças. Primeira, em Espanha, o "secretário-geral" está subordinado ao ministro do Interior e não ao presidente do Conselho. E, segunda, em Espanha o terrorismo da ETA e a imigração islâmica teoricamente justificam a necessidade de um único centro de comando.Em Portugal, nenhum perigo imediato exige que as polícias passem a depender de Sócrates. Pior ainda: o SIRP, que superintende e coordena o Serviço de Informações de Segurança (SIS) e o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), dois serviços secretos, também ficará sob a tutela do primeiro-ministro. E a tudo isto, António Costa juntou dois novos meios de fiscalização e vigilância. O bilhete 4 em 1, que reúne o bilhete de identidade, o cartão de contribuinte, o cartão da Segurança Social e o cartão de utente do SNS. E o cartão que reúne a carta de condução, o livrete e o título de propriedade do automóvel. Com estas medidas, o Governo socialista criou um novo Estado-polícia, que a Assembleia não controla e que não dá ao português comum a menor garantia de privacidade. E, se a privacidade é, como é, o fundamento da liberdade, não lhes concede mais do que uma liberdade condicional e fictícia.Não se trata aqui do indivíduo Sócrates, que não abusará dos seus poderes. Mas da própria existência desses poderes, que nada impede um sucessor, ou mesmo um ajudante obscuro, de eventualmente desviar para fins perversos. Só que nessa altura será tarde para desfazer a máquina que hoje com tanta inconsciência e sem protesto público se anda a pôr em pé.Claro que vivemos num mundo perigoso e é preciso coordenar as polícias. Sucede que das várias formas de coordenação o Governo escolheu a pior: a que mais reforça (e compromete) o chefe do Executivo, a que não inclui um droit de regard do Parlamento e a que deixa os portugueses sem defesa perante a prepotência e o arbítrio. O que de resto não espanta. A liberdade nunca foi por aqui muito estimada.
4 comentários:
"Não se trata aqui do indivíduo Sócrates, que não abusará dos seus poderes."
Eis o meu ponto de discordância com V.P.V.!
Ai trata, trata!...
Este arrivista de nível académico medíocre, criado á sombra do partido, vaidoso e pesporrente, vai dar aos portugueses o que eles mais odiaram naa gerações anteriores sofridas e culturadas: o culto do pai omnisciente!
A nova PIDE já existe. O seu mentor: José Sócrates!
Abraço.
Jorge P.Guedes - baixar a cabeça, NÃO!
Jorge:
onde tu discordas é, exactamente, onde eu discordo, porque, "quem não quer ser lobo não lhe veste a pele"!
Onde eu discordo de ti é no fim, embora esteja, talvez, a falar por mim e não pelo sentimento dos nacionais: não consigo ver José Sócrates como "pai omnisciente"; antes como aquela figura tenebrosa que Orwell descreve tão bem em "1984": o "Big Brother"!
Obrigadas pela visita e um grande abraço
Olá, venho aqui corrigir os erros óbvios do meu comentário: "...àsombra do partido" e outro, mais grave porque altera o sentido da frase :"...sofridas e aculturadas...".
Agora, "pai omnisciente" como muitos viam Salazar, ou "Big Brother", para mim dá no mesmo...aliás, o outro também tinha muito de "Big Brother".
Um abraço.
Viva, Jorge!
Não era preciso fazeres correcções que, percebe-se muito bem, não passam de gralhas.
Quanto ao final, és capaz de ter razão; talvez seja preconceito meu, por não conseguir ver ciência nenhuma no senhor primeiro ministro...
Um abraço
Enviar um comentário