O carvalho é uma árvore magnífica (rijos carvalhos, como lhes chamou Torga) que se espalha por montes e montes, adoçando-lhes a vista do declive e colorindo-lhes as encostas.
Digo eu, que nada percebo de botânica, que o carvalho é inimigo da silva, por isso os passeios pelas matas de carvalhos não requerem nem o cuidado nem a atenção que exigiriam se, nelas, existissem silvas. Os passeios fazem-se, pois, pisando húmus: ramos apodrecidos, folhas e o que resta das flores das giestas que crescem de permeio. É inenarrável o perfume desse húmos, acrescentado daquele que é exalado pelos líquenes que cobrem por inteiro os troncos e os ramos de todas as árvores, assim como é inexprimível o sentimento de paz e de conforto que se apodera de quem, internando-se na mata, nela se acolhe como a ventre de mãe.
O fruto do carvalho é a bolota que, a par da castanha, sempre foi apanhada para cevar o porco doméstico que, deste modo, partilha da abundância que a natureza concede ao seu irmão montês. Este não se deve importar muito porque, livre, circula e alimenta-se também dos frutos que o homem plantou. Na altura certa tocar-lhe-á a ele a vez de ser alimento. E assim se completa o eterno retorno que é vida.
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7 comentários:
Poético e ecológico.
Sabes?
Os japoneses têm um provérbio que diz que o "carvalho leva 300 anos a crescer, 300 anos a manter-se adulto e 300 anos a morrer".
De facto, podem atingir os 400, 500 e, por vezes, os 800 anos de idade.
Depois da faia, o "carvalho-roble" e o "Quercus petraea" são as folhosas mais frequentes e de maior interesse económico da Europa. O primeiro prefere os lugares mais frios e húmidos.
O segundo, os mais secos.
Calcula-se que existam entre 250 a 600 espécies de carvalhos. Encontram-se essencialmete nas zonas temperadas do hemisfério norte e algumas espécies conseguem mesmo sobreviver até junto das zonas tropicais.
Obrigada pelo elogio e pelas achegas. Desconhecia, quer o provérbio, quer a grande variedade que existe entre os carvalhos.
O carvalho sempre esteve ao serviço das comunidades rurais que nunca precisaram que doutores imberbes e infalíveis, funcionários dos parques naturais, lhes dissessem quais as árvores que poderiam ou deveriam cortar para lhes aquecerem a invernia. Agora, que para tudo é preciso autorização... os fogos sucedem-se e a lenha arde no Verão!
... só acrescento, para quem nos lê, que muitos desconhecem que o Sobreiro e a Azinheira são duas das muitas espécies que compõem tão grande e distinta família.
Abraço
Diria mais: família grande e distinta, mas também autóctone! Isto de os estrangeiros andarem a ocupar o lugar dos nossos tem que acabar. Precisamos de um novo Afonso Henriques para os varrer daqui para fora.
Vade retro para quem me ler à letra!
... parece que andamos todos à bolota!
...antes isso que dar "pérolas a porcos".
Pessoalmente prefiro as bolotas da azinheira. Assadas na brasa são melhores que castanhas.
Acredito que sim, mas nunca provei (isto, como quase tudo, é uma questão cultural).
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