22/11/2008

Explicação

Imagem retirada daqui

E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia
. Estas palavras de Manuela Ferreira Leite provocaram um sururu dos diabos e o senhor deputado Alberto Martins veio de lá com o seu abrenúncio, não foi para ouvir destas que eu pedi a palavra, e ma não deram, num plenário académico à frente de Hermanos Saraivas e Américos Tomás! Figuras tristes, isso sim. Bem feita, tivessem-me lido!

Quem me leu há-de embrar-se que o senhor primeiro ministro, convidando-nos a um silogismo, afirmou ser ele a Lei. Perante isto, a interpretação das palavras de Manuela Ferreira Leite só pode ser esta: E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem José Sócrates, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia.

Sem ironias: quem lhe tira a razão?

6 comentários:

Isamar disse...

Cara MPS

Estamos muito longe da democracia que eu sempre desejei. Esta, a que alguns chamam de democracia, com tantas assimetrias sociais, económicas, culturais nunca defendi. Sempre pugnei pela Liberdade, Paz, Pão, Trabalho, Saúde,Educação,Diálogo...
Este momento de ironia não me soou bem mas há tão pouca coisa que me soe bem neste momento. Se a tensão reina no ensino, a desilusão, a incredulidade reinam em muitos outros sectores.
Venha a Democracia que tantos cantaram, por que tantos lutaram, por que tantos sofreram.
Que saudades do meu querido Zeca Afonso, que tão bem conheci, e que tanto e tão bem escreveu e cantou sobre as coisas da Liberdade.
Que Abril renasça florido de rubros cravos.

Um abraço apertado

MPS disse...

Cara Isabel

Compreendo a sua perplexidade quanto à minha ironia sobre assuntos sérios, mas a minha questão é mesmo essa, pois entendo que o humor é salvífico. Dar uma boa gargalhada faz-me melhor do que tomar um frasco de pílulas da farmácia.

O problema de grande parte dos conceitos é que neles pode caber o tudo e o (quase) nada. Democracia é exemplo flagrante daquilo que acabo de dizer. Não concebo democracia sem muitas coisas, nomeadamente, direito ao trabalho. No entanto, outros olhos dirão que o meu "direito ao trabalho" significa uma visão socialista do mundo, que direito ao trabalho não existe; antes, necessidade de trabalho, necessidade que é tanto de quem trabalha como de quem dá trabalho e que, cessando a necessidade do segundo, cessa também a condição de existência do primeiro. Por aí fora.

O que lhe quero dizer, no meio deste arrazoado, é que, a não ser que sejam criminosas, todas as ideias,ideologias e práticas são passíveis de defesa, mesmo que choquem de frente com quase tudo aquilo que defendo. É o humor que me salva daquilo que me fere.

Saudades do Zeca são mais do que muitas - conheço-lhe a obra de cór! Então, em conformidade com os tempos que vivemos, aí vai:

"Anda ver o deus banqueiro
Que engana à hora e que rouba ao mês
Há milhões no mundo inteiro
O galinheiro é de dois ou três!"

Um abraço

Isamar disse...

Cara MPS

O momento de ironia que não me soou bem foi o da Drª Ferreira Leite. Mesmo ironizando não gostei de a ouvir falar dos tempos da outra senhora.
O seu, pelo contrário, fez-me rir.
Um abraço

MPS disse...

Obrigada, minha cara Isabel!

Outro abraço

Anónimo disse...

Minha estimada MPS:
O humor da Senhora Manuela Dias Ferreira – como genealogista é assim que a identifico por ser bisneta do José Dias Ferreira, ministro dos tempos da Monarquia Constitucional – tem a mesma graciosidade dum paquiderme obeso a exercitar uma bailata sensual numa loja de porcelanas..., ninguém se ri, a não ser pelo grotesco.

Porém reconheço, temos forçosamente que rir, porquanto a galhofa é de salvação, os purgantes da alma lusitana – ridendo castigat mores.

E depois, creio, a desgraçada senhora não pensava, de molde algum, nos tempos escabrosos da outra senhora, mas visava mais próximo, os tempos do actual Presidente do Conselho de Ministros, Sua Excelência o Senhor Pinto de Sousa. Mas o ideal já não eleva ninguém, somente burrifica...

Cruz, credo, canhoto, até parece que estou a fazer a apologia do mal menor, a defender a varonil madame em favor deste ou daquele dianho da triste figura...

Não posso deixar de me lembrar do meu apreciado Castelo Branco – o Camilo, claro está, não esse Zé por aí tresanda: «A seriedade é uma doença incurável e o mais sério dos animais é o burro».

Na essência concordo plenamente consigo, quando afirma «Sem ironias: quem lhe tira a razão?». Porém temo que o pobre País tenho endoidado e perdido a boa disposição e o sentido de humor numa auto-estrada qualquer. Raríssimos apreciaram o seu humor, que assim não foi de salvação.

MPS disse...

Meu caro Jofre

Ao contrário do que o mau ladrão disse a Cristo na cruz: não salvei os outros mas salvei-me a mim!

Sem ironias nem hipérboles: recebi dose de humor bastante para uns bons tempos! À nossa conta os psiquiatras não hão-de medrar!

Um grnde abraço