Tão acertada máxima fez-me lembrar um episódio, julgo que em Soutelo, naqueles anos a seguir a 74 em que a Câmara [ainda não havia EDP] se empenhou na electrificação das aldeias, quando a meio da almoçarada com que sempre se inauguravam tais obras, farto de ouvir dar vivas ao Sr. Presidente, ao Sr. Engenheiro, ao Sr. Padre, ao Sr. Governador, ao Sr. Fulano e por aí fora, e aproveitando um breve silêncio entre os convivas, um dos velhos da aldeia se levanta da mesa, copo na mão, e berra com toda a força: "E bib'á luç caralho hómeç tamém!..."
[Foi-me contado na época pelo próprio Presidente da Câmara, o já falecido Eng. José Luís Pinheiro, que dizia terem-se todos rido até às lágrimas.]
Amiga Será que esta "máxima" da Tia Maria era dirigida a algum politico daqueles que prometem cuidar dos cemitérios, em primeiro lugar? Daqueles que querem engraixar os sapatos antes deles estarem prontos! Parece que estou a ouvir a forma como esta"Tia Maria" entoou esta "Máxima". Abraço José Manangão
Não foi, não senhor, porque para esses tais, a tia Maria diria "eles que se f..., que a nós bem nos f... eles!" A tia Maria é impagável. Pelo-me por ouvi-la!
Eu que estou carcomido num negativismo e pessimismo militante, tenho somente uma firmeza: a sabedoria do nosso velho povo é verdadeiramente espantosa.
Não me canso de olhar para trás – não como saudosista – e “ver” hoje que aqueles velhinhos que cruzaram e povoaram a minha infância eram, de facto, notáveis a todos os títulos, pelo saber estar, saber ser, saber fazer e, acima de tudo, saber dizer tanto em tão poucas palavras.
Não são, de modo algum, os choinas que alguns iluminados pretendem pintar.
Deixo, neste local de peregrinação, uma velha quadra popular, em homenagem às tias Marias:
Uma velha muito velha, Mais velha que a saragoça; Na hora do casamento A velha fez-se moça.
Eu juro, juradinho, que lhe respondi no tempo certo! O que terá acontecido à resposta que lhe dei é mistério que não consigo deslindar. Ele há cada uma!
Fez-me rir a bom rir. Falou-me em Soutelo (o Mourisco, não é?) e lembrei-me logo das inúmeras histórias que do padre Batouxas se contavam em todas as aldeias vizinhas. Ele já devia ser o cura, nessa época.
Sabe muito melhor do que eu que há iluminados que só conseguem ver de luz eléctrica acesa, e, porque não têm luz interior, servem-se do artificialismo para ver e explicar o mundo. Tristemente, muitos desses mandam em nós, cultural e politicamnete.
Quando penso nos optimistas lembro-me de Pangloss e desato-me a rir. Bem sei que o pessimismo nos faz viver na amargura, mas a verdade é que não conheço nenhuma grande obra feita por optimistas. Em contrapartida, do lado oposto, é só começar a contar! Aliás, tenho para mim que o pessimismo se opõe ao derrotismo: os pessimistas são inconformados que não aceitam a vanglória nem a vacuidade, por isso se não conformam.
Não conhecia a quadra que me deixou e que é lindíssima: diz muito em poucas palavras, como só o povo é capaz. Tomara eu saber fazer o mesmo.
A aldeia de Soutelo, de que falo, é em Montesinho, para lá de Carragosa, também chamada de Soutelo da Culebra, que é a serra espanhola em frente a Montesinho. Soutelo Mourisco penso que fica nas fraldas da serra de Nogueira, para os lados de Celas, já no concelho de Macedo de Cavaleiros. Penso, mas não tenho a certeza!
Pois fica sim! O termo de Soutelo Mourisco faz fronteira com o de Rebordaínhos, sendo aldeias muito próximas, embora de concelhos diferentes. Tem, pois, a minha amiga muita razão: o Presidente da Câmara de Bragança não iria inaugurar nada em terras de Macedo de Cavaleiros. Que calinada a minha! Olhe, estou a precisar de luç!
8 comentários:
Tão acertada máxima fez-me lembrar um episódio, julgo que em Soutelo, naqueles anos a seguir a 74 em que a Câmara [ainda não havia EDP] se empenhou na electrificação das aldeias, quando a meio da almoçarada com que sempre se inauguravam tais obras, farto de ouvir dar vivas ao Sr. Presidente, ao Sr. Engenheiro, ao Sr. Padre, ao Sr. Governador, ao Sr. Fulano e por aí fora, e aproveitando um breve silêncio entre os convivas, um dos velhos da aldeia se levanta da mesa, copo na mão, e berra com toda a força: "E bib'á luç caralho hómeç tamém!..."
[Foi-me contado na época pelo próprio Presidente da Câmara, o já falecido Eng. José Luís Pinheiro, que dizia terem-se todos rido até às lágrimas.]
'Biba' então a tia Maria e o seu bom humor!
Um Xi Grande
Amiga
Será que esta "máxima" da Tia Maria era dirigida a algum politico daqueles que prometem cuidar dos cemitérios, em primeiro lugar?
Daqueles que querem engraixar os sapatos antes deles estarem prontos!
Parece que estou a ouvir a forma como esta"Tia Maria" entoou esta "Máxima".
Abraço
José Manangão
Caro José Manangão
Não foi, não senhor, porque para esses tais, a tia Maria diria "eles que se f..., que a nós bem nos f... eles!" A tia Maria é impagável. Pelo-me por ouvi-la!
Um abraço
Eu que estou carcomido num negativismo e pessimismo militante, tenho somente uma firmeza: a sabedoria do nosso velho povo é verdadeiramente espantosa.
Não me canso de olhar para trás – não como saudosista – e “ver” hoje que aqueles velhinhos que cruzaram e povoaram a minha infância eram, de facto, notáveis a todos os títulos, pelo saber estar, saber ser, saber fazer e, acima de tudo, saber dizer tanto em tão poucas palavras.
Não são, de modo algum, os choinas que alguns iluminados pretendem pintar.
Deixo, neste local de peregrinação, uma velha quadra popular, em homenagem às tias Marias:
Uma velha muito velha,
Mais velha que a saragoça;
Na hora do casamento
A velha fez-se moça.
Caríssima PV
Eu juro, juradinho, que lhe respondi no tempo certo! O que terá acontecido à resposta que lhe dei é mistério que não consigo deslindar. Ele há cada uma!
Fez-me rir a bom rir. Falou-me em Soutelo (o Mourisco, não é?) e lembrei-me logo das inúmeras histórias que do padre Batouxas se contavam em todas as aldeias vizinhas. Ele já devia ser o cura, nessa época.
As nossas gentes são impagáveis!
Um abraço
Caro Jofre
Sabe muito melhor do que eu que há iluminados que só conseguem ver de luz eléctrica acesa, e, porque não têm luz interior, servem-se do artificialismo para ver e explicar o mundo. Tristemente, muitos desses mandam em nós, cultural e politicamnete.
Quando penso nos optimistas lembro-me de Pangloss e desato-me a rir. Bem sei que o pessimismo nos faz viver na amargura, mas a verdade é que não conheço nenhuma grande obra feita por optimistas. Em contrapartida, do lado oposto, é só começar a contar! Aliás, tenho para mim que o pessimismo se opõe ao derrotismo: os pessimistas são inconformados que não aceitam a vanglória nem a vacuidade, por isso se não conformam.
Não conhecia a quadra que me deixou e que é lindíssima: diz muito em poucas palavras, como só o povo é capaz. Tomara eu saber fazer o mesmo.
Um abraço
MPS,
A aldeia de Soutelo, de que falo, é em Montesinho, para lá de Carragosa, também chamada de Soutelo da Culebra, que é a serra espanhola em frente a Montesinho. Soutelo Mourisco penso que fica nas fraldas da serra de Nogueira, para os lados de Celas, já no concelho de Macedo de Cavaleiros. Penso, mas não tenho a certeza!
Outro Xi
Caríssima PV
Pois fica sim! O termo de Soutelo Mourisco faz fronteira com o de Rebordaínhos, sendo aldeias muito próximas, embora de concelhos diferentes. Tem, pois, a minha amiga muita razão: o Presidente da Câmara de Bragança não iria inaugurar nada em terras de Macedo de Cavaleiros. Que calinada a minha! Olhe, estou a precisar de luç!
Um abraço
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