26/11/2007

VERA PYRRAIT



Vera Pyrrait é uma grande pintora. Um pedacinho de qualquer coisa é, pela sua mão e sensibilidade, transformado numa narrativa contada pelas cores e pela textura dos materiais de suporte. As suas cores, sobretudo os azuis, são transparentes como um dia claro e a mancha cromática tem a enorme capacidade de despertar ternura.

Desta vez Vera Pyrrait decidiu ilustrar palavras terceiras, em história para a infância. Pede um Desejo, da autoria de Inês Barros Baptista, ganhou brilho e harmonia com as cores e o traço de Vera Pyrrait.

O traço e as cores escolhidas remetem o leitor para um imaginário de ternura, distante daquelas figuras angulosas e de linhas vincadas que, ultimamente, se têm oferecido às crianças. É verdade que algumas características físicas das personagens, como a cor do cabelo das duas fadas, advêm do próprio texto, mas a escolha da forma do rosto, a expressão e cada um dos gestos figurados nasceram do mundo doce e afectuoso que Vera Pyrrait deseja que seja o da infância. É por isso que os abraços e as mãos que se dão ou se oferecem são gestos presentes na maior parte das páginas ilustradas.

O livro apaixona quem o vê. A título de exemplo (porque não sei se não estarei a violar direitos de ©) publico partes de algumas das ilustrações. Quem tem netos, filhos pequenos ou, simplesmente, continua a deslumbrar-se com a literatura para a infância, tem aqui uma excelente aquisição a fazer. A editora Âmbar não regateou na qualidade das reproduções.



Vera Pyrrait representa, assim ...

...a "Tristeza"...

... e o "Medo"...

... que as duas pequenas fadas irão ajudar a ultrapassar.

Resta-me uma provocaçãozinha final. Todas as personagens são representadas de corpo inteiro, à excepção da rainha cuja coroa é quase do tamanho do rosto. Ela tem olhos grandes (para ver tudo?), nariz bem marcado (para o meter em tudo?) e boca aberta (para mandar?). Mas não se lhe vêem os ouvidos (porque nada quer ouvir?). Querida Vera, às vezes dizemos aquilo que o momento nos sugere. Só pergunto se foi sem querer!

6 comentários:

Anónimo disse...

Reconheço a minha ignorância. Não conheço Vera Pyrrait, mas gostei do que vi. Vou tentar arranjar o livro, pois sempre quero ver até que ponto a nossa ministra da Educação não lhe terá servido de modelo para pintar a rainha...

Um Xi Grande

MPS disse...

Cara PV

É normal que não conheça a pintora porque as exposições que tem feito, penso, ainda se circunscrevem à região de Lisboa.

Quanto ao livro, autora e ilustradora estarão nas FNAC do Porto nos próximos dias 1 e 2. Tenho a certeza de que vai gostar, se puder ver o livro. A história é terna e remete para o essencial dos valores humanos.

Sobre a rainha, por certo reparará que fui eu a esticar a corda, mas ela é tal e qual como a descrevi...

Um abraço

Anónimo disse...

Deste livro que se v~e ter sido escrito e ilustrado com muita paixão, destaco a imagem da raínha, que me lembra algumas figuras reais da actualidade política no nosso país.
E, sendo a ilustradora, pintora mas também professora, não se terá inspirado na sinistra figura dea ministra da educação?

Cumprimentos.
João Lisboa
www.abinitiolisboa.blogspot.com

MPS disse...

Ab Initio

Para si, um silogismo simples:

conhece o meu blog
sabe que a Vera é professora
logo...
é o Jorge Guedes.

Quanto à pergunta acerca da rainha, a Vera já respondeu que, enquanto pintava, se não lembrou da senhora ministra. Mas parece que encontrou alguma graça no meu reparo.

Anónimo disse...

Pedindo desculpa por incomodar, tenho a corrigir o seguinte:

1 - Vera Pyrrait é professora. É na contracapa deste mesmo livro que tal é referido.
"Vera Pyrrait é licenciada em At«rtes Plásticas/Pintura. É professora e pintora, tendo realizado já várias exposições.
Ilestrar um livro infantil era um sonho antigo".

2 - Conheço o seu blog como alguns outros onde já fui e de onde tirei apontamentos para algumas visitas. Posso dizer-lhe que o seu conheci-o quando fiz um comentário em Braganzonia".

Creia-me admirado pela confusão criada com alguém que não conheço.

Com as minhas desculpas pelo incómodo porventura causado, despeço-me com cumprimentos.

João Lisboa

MPS disse...

Ab Initio

Pelos vistos sou eu que tenho que pedir desculpa pela conclusão precipitada que tirei.

Creia-me que não me incomodou em nada, restando-me agradecer a sua visita.

Cumprimentos