(Hoje não poderia permanecer em silêncio!)
As palavras de quem deu substância ao sonho
A marcha para o Carmo foi extraordinária pelo apoio popular que agregou, o que contribuiu bastante para que o Carmo perdesse a vontade de resistir. Nunca tinha visto o povo a manifestar-se assim. No Carmo, ao chegar, houve desde senhoras a abrir portas e janelas para colocar os homens nas posições dominantes sobre o Quartel, até ao simples espectador que enrouquecia a cantar o Hino Nacional. O ambiente que lá se viveu não tem descrição, pois foi de tal maneira belo que depois dele nada mais digno pode acontecer na vida de uma pessoa.
Foi o povo sem nome que incitou e guiou a última companhia de Infantaria 1 que estava com o brigadeiro a passar-se para o nosso lado, que me informou constantemente dos movimentos da Polícia de Choque, da PSP, da GNR, etc.
Salgueiro Maia, Capitão de Abril (Histórias da Guerra do Ultramar e do 25 de Abril), Editorial Notícias
A marcha para o Carmo foi extraordinária pelo apoio popular que agregou, o que contribuiu bastante para que o Carmo perdesse a vontade de resistir. Nunca tinha visto o povo a manifestar-se assim. No Carmo, ao chegar, houve desde senhoras a abrir portas e janelas para colocar os homens nas posições dominantes sobre o Quartel, até ao simples espectador que enrouquecia a cantar o Hino Nacional. O ambiente que lá se viveu não tem descrição, pois foi de tal maneira belo que depois dele nada mais digno pode acontecer na vida de uma pessoa.
Foi o povo sem nome que incitou e guiou a última companhia de Infantaria 1 que estava com o brigadeiro a passar-se para o nosso lado, que me informou constantemente dos movimentos da Polícia de Choque, da PSP, da GNR, etc.
Salgueiro Maia, Capitão de Abril (Histórias da Guerra do Ultramar e do 25 de Abril), Editorial Notícias
Salgueiro Maia, Alferes em Moçambique
A guerra toldou-lhe o semblante e maculou-lhe o olhar. Maldita seja a guerra!
1 comentário:
Salgueiro Maia, talvez por cedo ter falecido (em 1991 ou 1992, mas cito de memória), é considerado o guardião das intenções cristalinas do Movimento dos Capitães, no seguimento da luta anticolonial, e que conduziu ao 25 de Abril, para mim um marco histórico, porquanto permitiu-me regressar a Portugal, na medida em que estava exilado no Brasil depois de ter desertado do Exército.
Quanto mais não seja, por esse motivo, saúdo o 25 de Abril e o capitão Salgueiro Maia. Daí a minha relação com o 25 de Abril ser sobejamente emotiva, o que se compreende. Só quem viveu fora de Portugal, aos 20 anos, compreende o significado intrínseco da saudade que nos dilacera!
Relembro que a primeira Comissão Coordenadora Provisória do Movimento dos Capitães em 1973 foi constituída por Almeida Coimbra, Matos Gomes, Duran Clemente, António Caetano e Antero Ribeiro da Silva (todos com a patente de capitão), e só na segunda Comissão Coordenadora – também eleita em 1973 – entraram o major Otelo Saraiva de Carvalho, major Victor Alves, major Melo Antunes e capitão Vasco Lourenço e os demais oficiais.
Um abraço, comovido, perante o seu excelente artigo.
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